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domingo, 14 de maio de 2017

Estudos mostram que os homofóbicos são homossexuais enrustidos


Por Mariliz Pereira Jorge

Folha.com
Gabriel Ferrar/GuaraniPress 


O jogador Richarlyson é apresentado no Guarani


O Departamento de Psicologia da Universidade da Georgia (EUA) conclui o que muita gente desconfia: homofóbicos são gays enrustidos. Na maioria dos casos, há um conflito tão grande quanto à própria sexualidade que o tormento se transforma em raiva e agressividade.

Os pesquisadores recrutaram homens, declaradamente heterossexuais. Eles enfrentaram uma bateria de perguntas que os dividiu em dois grupos: os que se sentiam mais e o que se sentiam menos desconfortáveis com o assunto homossexualidade.

Em seguida todos foram equipados com um pletismógrafo peniano, aparelho que mede o grau de excitação do pênis em resposta a imagens. Os participantes assistiram a cenas de sexo heterossexual, entre duas mulheres e depois entre dois homens.

O surpreendente das reações nessa última situação é que cobaias do grupo com mais tendências homofóbicas tiveram quatro vezes mais aumento de volume peniano do que os do grupo formado por quem não se incomodava com homossexuais. Mais da metade dos “homofóbicos” teve ereção, enquanto menos de um quarto do outro grupo mostrou algum tipo de excitação ao ver as imagens de dois homens transando. Bastante revelador: depois do teste, quando confrontados, todos os homofóbicos negaram o que sentiram minutos antes.

O estudo tem 20 anos. De lá para cá, outras instituições realizaram testes parecidos e o resultado é sempre o mesmo: a atitude negativa, a agressividade, a intolerância e a fobia se manifestam em pessoas que tentam reprimir o desejo sexual que sentem por outros do mesmo gênero.

Essas pesquisas não raramente citam casos de pessoas públicas, homofóbicos engajados, flagrados em relações homossexuais. Podem também ser uma boa explicação para tanto preconceito em ambientes predominantemente masculinos e homofóbicos, como o do futebol.

A sexualidade de um jogador voltou a ser tema de polêmica com a volta de Richarlyson ao futebol brasileiro, depois de uma temporada na Índia e de uma participação no “Dancing Brasil”, na TV Record. Toda a história remete à Idade da Pedra.

O Guarani tentou fazer toda a negociação sem que a imprensa e os torcedores soubessem porque dirigentes temiam rejeição. Depois começou a polêmica nas redes sociais. O clima era mais ou menos assim: “O problema de ter o Richarlyson em campo é que sempre o Guarani vai jogar com um homem a menos.” “Está certo o Richarlyson, em Campinas só tem veadão, voltou pro seu habitat.”

Segunda, dia da apresentação do jogador, o Brinco de Ouro da Princesa, estádio do Guarani, foi alvo de duas bombas atiradas por torcedores. Tanto o clube quanto Richarlyson falam da polêmica em torno de sua contratação sem apontar o real motivo: homofobia.

Richarlyson jamais se declarou gay. Mesmo que seja, parece imprudente sair do armário diante do nível de intolerância que podemos observar. O futebol tem quase 30 mil jogadores profissionais. Alguém acredita que nesse universo não haja homossexuais?

Imagine, então, entre os milhões de torcedores, principalmente entre esses que acham que “bicha” é xingamento, que futebol é coisa de “homem”, expulsam e ameaçam membros da torcida descobertos em relações gays, explodem bombas e fazem piadinhas imbecis na internet. Segundo os estudos: tudo gay enrustido.

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