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domingo, 6 de março de 2016

Estamos condenados ao atraso?

” Como o autor do projeto, senador Roberto Rocha (PSB/MA) é visto como um possível candidato nas eleições de 2018, o projeto de sua autoria, ainda que possa significar a redenção do nosso povo, é visto com desconfianças, é ignorado.”
O governador do Maranhão, Flávio Dino, disse, não faz muito tempo, uma frase que me chamou muito a atenção, parece, até, que a mesma serviu de mote para uma das publicações que faz semanalmente no Jornal Pequeno. No contexto de uma exposição sobre a Rota das Emoções, que envolve os estados maranhão, Piauí e Ceará, disse: “Não podemos nos conformar”. Guardei-a comigo.
Outro dia o IBGE divulgou a renda per capita da população brasileira por estado. E, para nossa tristeza, o Maranhense tem renda três vezes menor que a renda de um paulista, quatro vezes menos que um brasiliense. Concluindo, mais uma vez o Maranhão ficou em último lugar, sendo superado até por estados como Alagoas e pelo Pará.
Não temos o direito de nos conformar isso. Devemos, ao menos, a indignação por números tão vexatórios às próximas gerações.
Mas, pior que os números em si, merece igual destaque a quase indiferença dispensada pela classe política, pelos formadores de opinião e até pela sociedade, aos mesmos. Não vimos debates públicos, questionamentos, etc. A oposição e o governo, ao que parece, fizeram um pacto de silêncio em torno do assunto. Os antigos donatários do poder, talvez acanhados pelo fato dos números refletirem a falta de políticas públicas durante seus anos de mando, ficaram inertes; os novos donatários, talvez por não terem uma solução, ainda, para tal vergonha, fingiram que não tinha nada com o assunto.
A imprensa, com as honradas exceções, sempre alinhada de um lado ou outro, seguiu o posicionamento dos “chefes” no silêncio obsequioso.
Os poucos veículos que divulgaram o assunto, foram pouco além de uma reprodução de matérias veiculadas pela mídia do sul do país, sem, sequer, emitir uma opinião ou fazer uma análise dos fatos.
A impressão que ficou foi que a notícia de que o Maranhão é o último na renda seus cidadãos, não era algo a despertar o interesse de ninguém.
Como pretendemos avançar se tratamos com indiferença nossas mazelas?
Não é só. Nos dias que se seguiram aos dados divulgados pelo IBGE, os meios de comunicação e os políticos locais se ocuparam da política. Mas não pensem que trataram da campanha eleitoral de 2016, com pouco mais de um ano do inicio do mandato do atual governador, o debate travado pela classe política local já é em torno de sua sucessão em 2018.
Embora ache um direito os políticos se planejarem para os embates políticos, me parece absurdo o fato do governador nem bem ter esquentado a cadeira ou dito direito a que veio, e a disputa pelo seu cargo já esteja nas ruas. Pelas minhas contas, já temos mais de dez candidatos ao governo e quatro vezes este número como postulantes às duas vagas de senador da República.
Ora, ainda que absurda a antecipação do debate político três anos antes das eleições, nada teria demais se as pretensões de cada um não fosse colocadas à frente dos interesses maiores do Maranhão e da sua população. Os políticos do estado precisam, ainda que por um momento, esquecerem seus projetos individuais e pensarem uma pauta para desenvolver o estado. Deveriam se penitenciarem por pensarem mais nos seus projetos pessoais enquanto o estado amarga indicadores tão negativos.
Vejamos um exemplo. Há quase um ano chamava a atenção da sociedade maranhense e seus representantes para o Projeto de Lei do Senado 115 que trata da criação da Zona de Exportação do Maranhão. Dei ao texto o título: “Uma Causa para Unir e Desenvolver o Maranhão”.
O projeto em questão, na minha opinião, trata-se de um dos mais importantes para o desenvolvimento do estado. Caso venha ser aprovado e implantado, transformará nossa matriz econômica, com a valorização das propriedades, criação de milhares de empregos, injeção de milhões e milhões de dólares anualmente na economia da ilha e de todo estado.
Pois bem, assim como os números da renda (vergonhosa) do nosso povo não despertou maiores interesses dos políticos, formadores de opinião e da sociedade em geral, este projeto que criando a ZEMA, ao que parece, sofre com da mesma indiferença. Não vemos quase ninguém discutindo–o, apresentando sugestões, se mobilizando para pressionar o Congresso Nacional pela sua aprovação.
A razão disso é uma só, a guerra política. Como o autor do projeto, senador Roberto Rocha (PSB/MA) é visto como um possível candidato nas eleições de 2018, o projeto de sua autoria, ainda que possa significar a redenção do nosso povo, é visto com desconfianças, é ignorado.
Assim como este, é possível que existam outros projetos, de outros agentes, de interesse do Maranhão, infelizmente a guerra política, os interesses mesquinhos, não deixa que os mesmos se transformem em ações concretas para o povo.
Não podemos nos conformar com isso.
Os “representantes do povo” precisam construir uma agenda que corresponda ao interesse público. Não é admissível que só se ocupem de seus interesses, de suas eleições, de seus projetos pessoais, que antes mesmo de acabar uma eleição já estejam colocando a próxima à frente dos interesses da população que os elegeu.
Caso não consigam construir isso – e cada vez mais é assim que vemos a classe política maranhense: como incapaz de construir uma agenda mínima voltada para o interesse do público – o Maranhão permanecerá condenado ao atraso.
Não podemos, não devemos e não vamos nos conformar com isso.

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