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domingo, 30 de agosto de 2015

Qualquer um não serve

Abdon Marinho é advogado.
Logo mais, no começo de outubro, começará a ser definido o quadro eleitoral para 2016. Como os pretensos candidatos devem comprovar filiação aos partidos políticos e o  domicilio eleitoral um ano antes da eleição, saberemos, ao menos em tese, os que poderão disputar  – e por qual partido –, os pleitos.
Digo em tese porque, se no Brasil até o passado pode ser mudado, o presente e o futuro, sequer devemos discutir. Estes mesmos é podem sofrer alterações.
No maluco quadro eleitoral maranhense muitas ainda serão as rasteiras e golpes a serem engendrados, inclusive com o apoio de instituições como a justiça – que terá um papel de destaque (para o bem e para mal) –, nas próximas eleições.
Neste momento de definições me assalta uma indagação: será que o episódio de Bom Jardim, tão amplamente divulgado, servirá de lição para os eleitores? Será que motivará os eleitores a escolher melhor? Será que convencerá da certeza cristalina de que qualquer um não serve? Que o voto inconsciente ou em troca de um favorecimento pessoal, tem consequências desastrosas por quatro ou oito anos?
Alguns amigos, com quem fiz essas reflexões, foram pessimistas.
A larga maioria trilhou no caminho de que nada mudará e que os eleitores continuarão votando sem pensar nas consequências do voto e que, imagina-se,  a grande parte deles, irá as urnas no ano que vem pensando mais em si, no que poderá “lucrar” individualmente, em detrimento dos interesses coletivos. Um ainda disse que se a gestora de Bom Jardim possuir condições de disputar é capaz de ganhar.
Estarão certos o que assim pensam? Será que, apesar do escárnio, do deboche, da ostentação de certos gestores (não apenas esta que ocupa a mídia no momento), os eleitores não se convenceram de que qualquer um não serve?
Embora seja um otimista por natureza, o que vejo, também, caminha no rumo do pessimismo.
Falei outro dia do balcão de negócios que se tornou os partidos políticos – com dirigentes decidindo que este ou aquele poderá ou não ser candidato, desde que compre a vaga. Muitas são as denúncias neste sentido.
Noutra quadra – também já falei disso inúmeras vezes –, se ouve dizer que a política no Maranhão está completa e irremediavelmente ligada aos agiotas. Já neste momento, são estes cidadãos, que crescem e sobrevivem desde oficio e que as autoridades policiais e judiciarias fingem não existir, que estão bancando as compras de legendas, não apenas para garantir as candidaturas dos seus, mas, sobretudo, para impedir que os adversários dos seus protegidos disputem.
Repito: Dizem que o grande lance do momento na política do Maranhão não é a velha disputa com abuso do poder econômico ou politico, compra de voto e outras mazelas. Viram que sai mais barato impedir que os adversários disputem.
A dura realidade – assim nos chegam diversas informações –, é que está em curso o “sequestro” do estado, através do poder politico local, por estes agentes do crime. Estes que desde já, passam a custear as despesas e a investir em pretensos candidatos, para, a partir de 2017, passarem a dominar os recurso públicos nos municípios.
O modus operandi é este que os veículos de comunicação estão exaustos de mostrar: licitações absurdas, obras não realizadas, simulação de entrega de mercadorias e serviços.
Os gestores, embora participes, arrisco dizer, são apenas um elo na corrente criminosa. Muitos, por ingenuidade ou tolice, entram neste tipo de aventura e quando se dão conta, não conseguem mais se afastar, não possuem condições financeiras ou físicas de romper, pois coloca em risco a própria vida ou a de seus familiares. Costumo dize que estes desonestos são os piores tipos de ladrões – roubam, ganham fama de ladrões, muitos respondem a processos, são condenados, ficam com nome sujo e devendo o que não possuem – em favor dos outros, dos agitas, dos picaretas que bancaram suas eleições.
Se analisarmos o quadro politico no nosso estado iremos constatar que a cada pleito o quadro de representantes vai ficando pior. Se estamos com uma péssima safra de políticos ruins, deputados, prefeitos, etc., podem apostar sem medo de perder que os sucessores serão piores. Com as ressalvas e exceções de sempre, claro. Faço esta análise há mais de trinta anos, é o que vejo.
Tal situação, aliada ao medo de serem confundidos, faz com que as pessoas de bem se afastem da política, fujam do exercício de qualquer mandato.
Com isso, a cada dia se cristaliza o sentimento de que a política é uma atividade de bandidos. Não recrimino os que pensam assim.
A corrupção parece está enfronhada em toda malha social. Há denúncias sérias e consistentes, inclusive divulgadas na mídia, da existência de uma “máfia” trabalhando  pela cassação de prefeitos, onde o “tira-e-bota” torna-se um negócio rentável, pois os operadores ganham para tirar, ganhar botar e tudo gerando custos financeiros que no fim das contas será suportado pelo conjunto  da sociedade.
O papel depurador das instituições (quase todas corrompidas) deve ser exercido pela sociedade e não o contrário.
Não adianta o cidadão ficar esperando que instituições, permeáveis à corrupção, resolvam seus problemas.
A sociedade, sim, precisa ficar atenta na escolha dos seus representes, separar os que servem daqueles que não servem, verificar que forças se encontram por trás das candidaturas, pois, certamente, os eleitos serão mais fieis a eles que aos eleitores, a sociedade.
Em maior ou menor grau, o Maranhão está repleto de prepostos de interesses escusos. São muitas as “Lidianes” deste Brasil. A original, talvez, não seja mais que uma sombra dos muitos descalabros existentes e dos que estão sendo gestados neste momento, uma tola, uma deslumbrada, uma despreparada contaminada pelos encantos do poder e do enriquecimento sem causa.
O povo, somente ele, será capaz de colocar um basta na sangria sem freio dos cofres públicos. Para isso é necessário compreender a importância de suas escolhas e consequências. Para isso precisa chamar para si a responsabilidade de ser o senhor do seu destino.
Abdon Marinho é advogado.

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