“Estou surpreso. Se isso tivesse acontecido, claro, teriam me avisado”.
Foi assim que reagiu o senador Roberto Rocha à notícia de que o seu partido, PSB, deliberou por colocar os cargos à disposição do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PTC) e partir para o projeto de candidatura própria a prefeito de São Luis, muito provavelmente com o deputado estadual e atual secretário de Ciência e Tecnologia, Bira do Pinderé como candidato.
A surpresa mostra o grau de desafino do senador com setores do PSB maranhense. Roberto Rocha, que encontra-se em São Paulo fazendo um check-up e exames preventivos de saúde, jurava por Deus que a reunião do domingo passado seria apenas para deliberar sobre a formação de uma comissão provisória da sigla em Imperatriz. #SQN!
A direção da Executiva Estadual resolveu desembarcar da administração municipal de São Luis e apontar para um projeto próprio na capital. Detalhe: Roberto Rocha é presidente do PSB/São Luis.
Vida difícil no PSB
Não é nada fácil a vida partidária do senador Roberto Rocha no PSB maranhense.
Quando resolveu deixar o ninho tucano e bater asas para pousar no ninho da pomba socialista, Rocha contava com um apoio de peso: Eduardo Campos.
O ex-governador de Pernambuco esteve em São Luis para um grandioso ato político de filiação de Roberto Rocha no PSB, em 2012.
Na época, Rocha mostrou-se interessado em ser candidato do partido a prefeito de São Luis, mas, depois, preferiu acertar com a direção nacional do PSB a candidatura de vice na chapa liderada por Edivaldo Júnior, decisão chancelada pelo próprio Eduardo Campos.
Com a trágica e prematura morte de Campos em agosto de 2014, Roberto Rocha ficou órfão de pai político no PSB. Em nada lembra a força e prestígio que tinha nos tempos que era “o cara” no PSDB, partido que presidiu por vários anos e de onde, segundos alguns observadores da cena politica, jamais deveria ter saído.
No PSB, partido de esquerda, habituado a disputas pelas bases, muito ligado aos movimentos sociais, principalmente aos trabalhadores rurais, Rocha tem enfrentado algumas resistências.
Soma-se a essa falta de tradição do senador com com legendas mais à esquerda do espectro ideológico, suas posições/declarações sobre os governos Dilma e Flávio – a última sobre o ministro Kassab e o programa Minha Casa Minha Vida é bom exemplo do lado “politicamente errado” de Rocha.
O fato é que difícil a vida de Roberto Rocha no PSB sem a presença de Eduardo Campos.
Contudo, não se pode desconsiderar a capacidade política do ex-tucano, a habilidade para negociações, suas relações no plano nacional reforçadas com o mandato de senador e sua disposição para a briga quando necessário – vide a luta travada contra os Tavares e José Antônio Almeida em 2012.
Como o próprio Roberto Rocha costuma dizer, trata-se de um “jogador da política”.
E dos bons.
Só que os bons também erram e sofrem derrotas.
É agudar e conferir o desfecho do que pode ser uma grande crise no PSB a por vir.