O Brasil atingiu, em 2024, o maior número de casos de estupro e estupro de vulnerável desde o início da série histórica em 2011. Segundo a 19ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram 87.545 vítimas no último ano — mais que o dobro registrado em 2011.
O relatório aponta que mulheres e meninas continuam sendo as principais vítimas. Nos casos de estupro de vulnerável, que envolvem crianças menores de 14 anos ou pessoas sem capacidade de consentimento, a desigualdade de gênero é ainda maior: para cada menino vítima, há cinco meninas. Crianças entre 10 e 13 anos concentram a maior parte dos registros.
A maioria dos crimes ocorre dentro da própria casa da vítima (quase 66%), e os principais agressores são familiares. Entre as vítimas menores de 14 anos, quase 60% dos abusos são cometidos por parentes.
Houve ainda um aumento em outros tipos de violência sexual: foram registrados mais de 37 mil casos de importunação sexual, 8,3 mil de assédio e mais de 7 mil de divulgação de cenas íntimas.
O estudo também alerta para a subnotificação, especialmente nas tentativas de estupro, que somaram pouco mais de 5 mil casos — número considerado muito abaixo do real, segundo especialistas.
Entre os estados, Roraima, Acre e Rondônia lideraram as taxas mais altas. Em números absolutos, São Paulo concentrou a maior quantidade de registros. Já o Maranhão teve o maior número de tentativas de estupro notificadas.