Não sei bem se as crianças dos dias atuais são mais inteligentes do que as de outrora.
Talvez a sensação de que termos “superguris” nestes tempos seja por conta do excesso de informações disponíveis, sobretudo com o advento da internet.
As novas tecnologias, e a rapidez com que afetam e mudam o nosso cotidiano, podem ser a grande responsável por nossas crianças serem, ao menos aparentemente, mais inteligentes do que as das gerações passadas.
O fato é que nossos filhos tendem a adotar comportamentos mais ousados, ou melhor, inteligentemente ousados, e por isso mesmo necessitam de maior atenção do pais.
Nada como trabalhar com a vida real. Explico.
Um amigo contou-me uma história que expressa exatamente o que desejo mostrar neste post.
Seu filho caçula, de 9 anos, lhe pediu um cachorro de presente. A resistência dos pais foi imediata sob alegação que o bicho dá muito trabalho e na hora do vamos ver sobraria para a mãe.
Não satisfeito com a negativa, o moleque começou a elaborar uma estratégia para fazer os pais – principalmente e mãe – mudarem de ideia.
Foi quando certa noite, o guri apareceu no quarto dos pais pedindo que a mãe fosse dormir com ele porque estava assombrado com um vídeo que ele teria assistido no Youtube.
A mãe, claro, não pensou duas vezes e foi para a cama do filho.
Quando ela estava acalentando o “danadinho”, contou-me o pai dele, o menino saiu com esta aqui:
- Mãe, não vou mais assistir esses vídeos de monstros não, mas queria lhe pedir uma coisa.
– Tudo bem, meu amor. Mamãe está aqui, o que meu filho quer?
Aí veio a melhor:
- Mãe, acho que se a senhora deixasse eu ter o cachorrinho, eu não ficaria mais com medo porque ele ia brincar comigo, ia me proteger e então ficaria feliz de novo.
Não só achei a história muto engraça como ela me chamou bastante a atenção.
É que crianças inteligentes quando partem para estratégias como esta usada pelo filho do meu amigo, os pais devem impor limites para que não se tornem adultos manipuladores.
Claro que não se trata de repreender a criança simplesmente ou mesmo tolher a sua capacidade intelectual para criar estratégias. A questão fundamental é construir um ambiente em que elas aprendam o que é legítimo e ilegítimo na hora de traçar as suas ações estratégicas de convencimento em casa, na escola etc.
Crianças com um grau de inteligência muito alto devem ganhar os mesmos cuidados que costuma-se ter com aquelas mais intelectualmente deficientes, pois é quando a inteligência se torna um problema muita das vezes não aparente na fase infantil, mas na juventude em diante.
Enfim, o que pode ser um motivo de orgulho para os pais quando estão crianças, a inteligência dos filhos pode trazer muita dor e sofrimento ulteriores caso esqueçamos de impor regras, disciplina e ensinar que nem tudo na vida vale a pena ou é possível.
É aquele velho, mas eficiente ensinamento dos nossos avós: “é de pequeno que se faz o grande”.
Ah! Antes que eu esqueça: o meu amigo resolveu comprar do cachorrinho para o filho, mas na hora que os pais acharem melhor. Correto!
