Há, ainda, a recordar, os casos de jornalistas que perderam a visão em 2013, atingidos por balas de borracha usadas pela polícia na repressão contra manifestações públicas ocorridas naquele ano. A justiça proibiu recentemente o uso dessas balas, mas alguns Estados, como o de São Paulo, por exemplo – justo onde ocorreram os casos de jornalistas cegos – recorreram de decisão e continuam usando esse tipo de artefato na repressão a manifestantes. Em São Paulo eles já foram usadas três vezes este ano, nas três manifestações realizadas às 6ªs feira pelo Movimento Passe Livre (MPL), nas quais se infiltram, também, os chamados black blokers.
Dirigentes da FENAJ e da FIJ apontam a impunidade como motivadora do crescimento da violência contra profissionais de imprensa no Brasil
e no mundo e cobram dos governos e empresários de comunicação ações para conter as agressões contra a categoria, entre estas políticas públicas de proteção, equipamentos e elaboração e obediência a um protocolo de segurança e condições de trabalho aos jornalistas.
e no mundo e cobram dos governos e empresários de comunicação ações para conter as agressões contra a categoria, entre estas políticas públicas de proteção, equipamentos e elaboração e obediência a um protocolo de segurança e condições de trabalho aos jornalistas.
Durante a divulgação do documento os presentes observaram 1 minuto de silêncio em memória dos jornalistas mortos no exercício da profissão no ano passado, e em protesto pelas agressões praticadas contra os jornalistas. O relatório traz dados por região, Estado, gênero, tipo de mídia e agressores, além do relato dos casos.
Três jornalistas foram assassinados no ano passado
A maioria dos 129 casos registrados ocorreu durante manifestações de rua, quando os jornalistas foram vítimas de agressões praticadas por policiais. Embora os registros apontem uma redução de 30% das agressões em relação a 2013, os casos de violência extrema (assassinato)- aumentaram em relação a anos anteriores.
No documento o assassinato do repórter cinematográfico da Band do Rio de Janeiro, Santiago Ilídio Andrade, foi apontado como o mais emblemático da violência contra jornalistas registrada no ano passado. Santiago foi vítima de por um artefato explosivo, lançado por um manifestante durante protesto popular realizado no dia 6 de fevereiro de 2014. Ele foi hospitalizado, mas não resistiu e morreu quatro dias. Os responsáveis, identificados, estão presos e respondem a processo criminal.
O mesmo não se verificou nos outros dois casos de assassinatos ocorridos no ano passado, os dos jornalistas Pedro Palma, do Rio de Janeiro, e Geolino Lopes Xavier, conhecido como Geo, da Bahia. Estes crimes tiveram características de assassinatos por encomenda, seus autores não foram identificados e permanecem impunes. O relatório alinha, ainda, a morte de três radialistas e um blogueiro, não computados nos dados gerais por não pertencerem à categoria, além da morte de quatro jornalistas em crimes não relacionados com o exercício da profissão.
Mais da metade das agressões ocorreram durante protestos de rua
De acordo com detalhamento feito pelo presidente da FENAJ, Celso Schröder, das 129 agressões contra jornalistas, 50,4% (65), aconteceram durante protestos. Destas,48,06% foram praticadas por policiais e 12,4% por manifestantes. A região Sudeste foi, mais uma vez, identificada como a mais violenta para os jornalistas, com 55,81% das agressões.
Ainda entre os vários dados do levantamento, identificou-se 17 casos de agressão física não relacionada a manifestações (13,17%); 12 de cerceamento à liberdade de expressão com ações judiciais (9,3%); 11 de ameaças e intimidações (8,52%);e 7 de agressões verbais (5,43%).