Eber Freitas: Administradores.Com
Bruce Lee era o cara. Enquanto lutador, dominou rapidamente o antigo estilo Wing Chun e criou sua própria arte, o Jeet Kune Do — sem mencionar os reflexos ágeis e a rapidez absurda de seus movimentos. Enquanto ator, produtor e diretor de cinema e séries, conquistou as audiências ocidental e oriental com sua intensa personalidade. Estudou filosofia e fundiu seus conhecimentos às artes marciais. Foi campeão de Cha-cha-cha em Hong-Kong. Hoje, 27 de novembro, ele completaria 74 anos.
Ficou conhecido, inicialmente por papéis secundários e por treinar atores conhecidos na época, como James Coburn e Steve McQueen, desafiando a regra tácita dos imigrantes chineses de não revelar os segredos de suas artes aos ocidentais. Sua morte precoce e mal explicada, aos 32 anos, foi uma tragédia para todos. Mas Lee deixou um legado valioso — um pouco dessa herança pode ser conferida na entrevista concedida em 1971 ao Pierre Berton Show, dada como “perdida” até ser recuperada integralmente em 1994.
Para quem não conhece, é a mesma entrevista utilizada no documentário sobre Anderson Silva (“seja água, meu amigo”). Confira abaixo oito lições que Lee deixou durante a entrevista e assista ao vídeo completo no final.
1. Aprofunde-se nos fundamentos e os demais caminhos se abrirão
“Definitivamente, no princípio, não tinha nenhuma intenção em absoluto, do que o que estava praticando, e que continuo praticando, conduzisse-me a isso, para começar. Mas as artes marciais têm um significado muito profundo até o ponto em que afetam minha vida porque, como ator, como artista marcial, como ser humano, tudo o que sei aprendi das artes marciais.”
2. Conhece-te a ti próprio
“Qualquer tipo de conhecimento significa, no fim, o conhecimento de si mesmo. Portanto, as pessoas me pedem para que lhes ensine não a defender-se ou a dar surras em alguém. O que querem é aprender a expressar-se através do movimento, seja fúria, determinação, ou o que quisermos”
3. Mantenha a harmonia entre instinto e controle
“Se você se inclina a um extremo você é muito pouco científico; se você se inclina ao outro, se transforma em um autômato, deixará de ser um ser humano”.
4. Abra a mente
“Os estilos tendem a separar as pessoas porque cada um tem sua própria doutrina e essa doutrina se converte em uma verdade inquestionável que não se pode alterar. Mas se você não tem um estilo, diz: ‘aqui estou eu, como ser humano. Como posso expressar-me plena e completamente?’ Dessa forma não se cria um estilo, porque o estilo é uma cristalização. Dessa forma se entra em um processo de crescimento contínuo”
5. Domine a arte de se expressar
“Para mim, a arte marcial consiste em expressar a mim mesmo honestamente, e isso é difícil. Para mim seria muito fácil montar um espetáculo, fingir, inundar-me dessa sensação, me fazer de durão e tudo isso. Ou poderia fazer toda sorte de coisas falsas e deslumbrar com elas. Ou poderia ensinar movimentos muito floridos. Mas conseguir expressar-se honestamente, sem mentir para mim mesmo, expressar-se com toda sinceridade… isso, meu amigo, é muito difícil de fazer. E você tem que treinar. Tem que manter os reflexos em forma para que, quando queira… já esteja lá. Quando quiser mover-se, você se move, e quando faz isso, faz com decisão. Nem uma polegada para um lado, mais ou menos. Se eu quero golpear com o punho, vou fazer isso, cara. E faço!”
6. Seja água
“Esvazie tua mente, não tenha forma, seja moldável, como a água. Se você coloca água em uma xícara, ela se transforma na xícara. Se coloca água em uma garrafa, ela se transforma na garrafa. Se a coloca em um bule, ela se transforma no bule. A água pode fluir ou pode esmagar. Seja como a água, meu amigo”
7. Não vá na onda da opinião pública
“A palavra superestrela me desanima muito porque é uma ilusão. É algo que te chama o público. Você tem que ver a si mesmo como ator, cara. Quero dizer, me sentiria muito satisfeito se alguém me dissesse: ‘cara, você é um super ator!’. Isso é muito melhor que superestrela. Não me vejo como tal.
8. Seja apenas… humano
“Sabe como eu gosto de me considerar? Um ser humano. Só um ser humano. Não quero soar como Confúcio, mas sob o firmamento, sob o céu, não há nada além de apenas uma família. O que acontece é que as pessoas são diferentes”