O estudo faz parte da nova pesquisa Qualidade de Vida do Médico, elaborada pelo Research & Innovation Center da Afya, ecossistema de educação e tecnologia na área médica presente em cidades como Salvador, Vitória da Conquista, Itabuna e Guanambi.
No panorama nacional, o estudo revelou que 45% dos médicos já receberam algum diagnóstico de transtorno mental. No entanto, os pesquisadores acreditam que isso não indica que os profissionais do Nordeste sejam menos afetados. Uma das possíveis explicações, de acordo com o diretor do Research Center da Afya, Eduardo Moura, é que os médicos da região podem procurar menos atendimento, resultando em menos diagnósticos confirmados.
No levantamento nacional, 22,3% dos médicos têm diagnóstico de depressão e fazem acompanhamento com especialista. Entre os profissionais do Nordeste, esse número cai para 15%. Na região, 42% afirmam nunca ter apresentado sintomas de depressão. Cenários semelhantes se repetem em relação ao transtorno de ansiedade e ao burnout — condição não considerada doença, mas relacionada ao desgaste intenso da rotina profissional — com 48% dos médicos nordestinos declarando nunca ter apresentado sintomas de burnout.
Outra possível explicação levantada pelos pesquisadores está ligada à percepção de qualidade de vida. Enquanto 36% dos médicos brasileiros se dizem muito satisfeitos com sua saúde, esse índice é menor no Nordeste, onde os profissionais relatam pior qualidade de vida. Isso reforça a hipótese de que eles podem estar buscando menos ajuda ou apresentando maior resistência ao tratamento.
A pesquisa também identificou grupos com maior incidência de transtornos mentais, como mulheres e médicos mais jovens. Entre as mulheres, a presença de diagnóstico e acompanhamento é maior (25,1% contra 18,2% dos homens), demonstrando que elas aparecem com mais frequência em todas as etapas da doença.